
No próximo final de semana, começa o Campeonato Cearense e muitos outros estaduais por este continental Brasil. Essas competições, que já foram tratadas como charmosas, essenciais e obrigatórias para manter acesa a chama da rivalidade local, está com os dias contados.
Assim como neste País existe uma elite, que explora, maltrata, escraviza a população com migalhas, trabalhos indignos, salários repugnantes e controla o poder, no futebol não é diferente.
Em um passado recente, ela era chamada de “Clube dos 13”, depois “G12”, em outros momentos era apelidada de “os grandes clubes do Brasil”. A “patente” não é importante aqui, podemos chamar de elite, quem quiser também chamar de “casa grande”, “patronal”, “patriarcado” “oligarquia” ou qualquer denominação que detém o poder sobre certa classe, local, região… não será impedido.
Essa elite percebeu que para ganhar mais dinheiro é preciso eliminar os campeonatos estaduais. Um dos argumentos, são vários, mas o cerne é mais ou menos esse: “o calendário do futebol brasileiro não suporta mais uma competição que não tem mais apelo e aumenta a quantidade de jogos dos clubes”.
Só para lembrar que “clubes” no final dessa alegação são aqueles lá do patronal, do patriarcado, da oligarquia… são a elite. Só pra lembrar que segundo a CBF há 850 clubes profissionais registrados neste Brasilzão. Os que querem acabar com os estaduais não representam 10% (qualquer semelhança com a vida real não é mera coincidência).
Pois bem. Num País continental como este Brasil, em que só o Estado da Bahia já é maior que a Inglaterra, onde se joga a Premier League (referência para a elite), o Amazonas é maior que a Itália e a França (juntos), e o Maranhão é maior que a Espanha, o querem porque querem fazer uma competição nacional semelhante à de países europeus.
Como bem disse Abel Ferreira, treinador do Palmeiras, para uma emissora portuguesa, sobre o futebol brasileiro: “aqui, o Estadual é como o Campeonato Português, e o Brasileirão, uma Liga dos Campeões”
Assim como na economia, as regiões Sul e Sudeste também dominam o poder no futebol. E claro, óbvio, que a elite não vai querer compartilhar ou fomentar o desenvolvimento de Estados do Norte e Nordeste. A não ser que apareçam desbravadores, abolicionistas, que teimam em ir lutar contra o poder e também buscar igualdade.
E aí, essa guerra é demasiadamente desigual. A elite detém não só o poder no futebol, mas também na mídia e na economia. O que todos nós sabemos que são as 2 melhores ferramentas para manter o “status quo” é controlar a população.
Assim, os campeonatos estaduais estão fadados à extinção. Só que ao invés de ser considerada vilã, a elite quer ser tratada como salvadora do futebol brasileiro. Lembra da Princesa Isabel, que libertou os escravos em 1888?
Pois é, a elite no futebol tem petulância parecida. “Não vamos acabar os estaduais. A gente pode colocar espalhado durante o ano, quando os campeonatos ou copas nacionais e competições internacionais não estiverem jogando”.
Como bem disse um filósofo: a escravidão acabou na teoria, porque na prática, todos os dias a gente vê em qualquer lugar neste País, alguém sendo explorado para ganhar uma migalha.
Talvez, seja isso que a elite deseja, dar uma migalha para seguir lá firme no topo, explorando, recebendo muito mais do que a esmagadora maioria e curtindo o poder de um esporte que deveria ser para todos, sem distinção de classe, poder ecônomico ou região.
Por isso, devemos aproveitar nosso “manjadinho” para não seguir aquela máxima de que “a gente só valoriza algo, depois que perde.
O Campeonato Cearense começa no próximo final de semana.
Sábado – 20/01
Fortaleza x Horizonte – Castelão – 16h40
Ferroviário x Floresta – PV – 18h
Domingo – 21/01
Iguatu x Atlético – Morenão – 17h
Maracanã x Ceará – PV – 17h30
Segunda – 22/01
Caucaia x Barbalha – Raimundão – 20h
PS: Esta coluna é publicada aos domingos
