
Em matéria publicada ontem, sexta-feira, 23, no Jornal O Povo, o Presidente do Ceará, João Paulo Silva, falou sobre o embate contra um grupo de conselheiros, que exige da diretoria alvinegra transparência sobre relatórios financeiros e administrativos.
Os conselheiros, que acusam estarem sendo alvo de processo de expulsão (matéria também divulgada pelo O Povo), possuem um canal no Youtube “Amigos do Conselho CSC”, onde entre outros assuntos debatidos fizeram cobranças à atual gestão de João Paulo Silva. Na última quarta-feira, 21, o Blog divulgou a fala de um deles, o ex-diretor Jurídico do clube, Guilherme Magalhães. Veja no vídeo abaixo:
“Essa atitude é irresponsável, no sentido de estar expondo a instituição. Se querem me atingir, é uma coisa, mas não vou aceitar atingir a instituição. Roupa suja se lava dentro de casa, não é expondo. Não existe isso. Sempre fui aberto”, declarou João Paulo Silva ao O Povo.
Ainda de acordo com a matéria: “João Paulo destacou que “não tem nada a esconder e que sempre foi transparente e aberto ao diálogo”. Ponderou, entretanto, que no futebol existem “assuntos sensíveis”.”
Conforme a publicação, João Paulo Silva “revelou ter convidado Nilo Werber — conselheiro que se coloca como oposição à atual diretoria — a fazer parte da coordenação da controladoria do clube“. Além disso, segundo a matéria, o mandatário alvinegro disse que convidou o conselheiro Germano Siqueira, que também faz parte da oposição e do grupo “Amigos do Conselho CSC” a fazer parte da nova gestão do departamento de futebol que estava sendo formado.
Outro Lado
Em nota, 2 conselheiros do clube, Germano Siqueira e Nilo Weber, se manifestaram sobre as declarações do Presidente do Ceará ao jornal o Povo. Confira abaixo:
A propósito de matéria divulgada no Jornal O POVO (23/02/2024) , em que o presidente do Ceará Sporting Club manifesta o desejo de “lavar roupa suja em casa” e ao mesmo tempo confirma o protocolo de requerimento para expulsão daqueles que reputa “irresponsáveis”, incluindo-me nesse rol de “indesejáveis”, embora use indevidamente o meu nome como exemplo da “inclusão” de “oposicionistas”, venho a público esclarecer o seguinte: Em primeiro lugar, repudio, de forma veemente, o indecoroso pedido de eliminação dos quadros do Conselho Deliberativo daqueles conselheiros que manifestam críticas à atual gestão do presidente desse clube centenário. Procedimentos que buscam “varrer do mapa” os que pensam diferente e legitimamente exercem o direito de crítica – o que não se confunde com discórdia ou agressão-, são próprios de ditaduras, e não de um ambiente democrático. Só uma interpretação pedestre e estapafúrdia do Estatuto Social e dos regulamentos internos do Ceará pode levar alguém a acreditar que a mera participação de conselheiros em um podcast voltado para as coisas do alvinegro poderia dar ensejo a algum tipo de punição. Sobre “lavar roupa suja em casa”, é inverídica essa afirmação do presidente do Ceará, já que ele mesmo nunca tomou a iniciativa de convocar reunião com essa finalidade e na única vez em que compareceu ao Conselho, durante a sua gestão, não levou a “roupa pra lavar”, preferindo exibir aos presentes simples planilhas que pouco ou nada explicavam sobre a situação do clube, situação essa que somente do 2024, a partir do caso Barletta, percebeu-se ser muito preocupante. Essa falta de transparência, aliás, foi objeto de inúmeras ponderações ao presidente João Paulo durante todo o ano de 2023, conclamando-o a agir de uma forma mais adequada a esse respeito. A falta de transparência, aliás, tem sido o maior gargalo das divergências e a praxe das últimas gestões do Ceará Sporting Club , que reduz o seu significado a uma mera prestação de contas anual, repleta de lançamentos contábeis genéricos que funcionam como verdadeiros obstáculos ao pleno conhecimento dos fatos, uma vez que documentos importantes da movimentação financeira da instituição – e seus diversos contratos – são omitidos dos conselheiros, ao invés de serem previamente disponibilizados, sob o bizarro argumento de se tratarem de documentos “sensíveis” e protegidos pela LGPD, lei essa que jamais pode ser lida como justificativa para colocar dentro de uma caixa preta os documentos que os coproprietários têm o direito de conhecer a qualquer tempo, como previsto no §1º do art. 61 da Lei Geral do Esporte e no art.56, o inciso XIV , do Estatuto do CSC. Quanto a convites que me foram formulados para de alguma forma participar da atual gestão, é fato que o atual presidente me trouxe uma sondagem para compor um grupo de requalificação do modelo de gestão de futebol, mas ficou apenas na sondagem, sem nenhuma evolução. Antes disso, ainda no ano de 2023, aceitei contribuir com algumas demandas das categorias de base, mas sem participar dos atos de gestão, que ficam a cargo do respectivo diretor. Registro, além do mais, que nunca tive divergência de caráter pessoal com o presidente do Ceará Sporting Club, que sempre me tratou bem e assim foi reciprocamente tratado. Exatamente por isso, os seus recentes atos de arbítrio surpreendem e são decepcionantes. Espero, finalmente, que a influência histórica de verdadeiros líderes e figuras lendárias que dirigiram o nosso clube, a exemplo de Franzé Moraes, Eulino Oliveira e Evandro Leitão, paire sobre Porangabuçu trazendo de volta a união, a democracia, a transparência e o respeito aos que pensam de forma diferente.
Att;
Germano Siqueira
Conselheiro do CSC
Em entrevista nesta sexta-feira (23/02) ao Jornal O POVO, mais uma vez o presidente demonstra despreparo e incapacidade para administrar uma Instituição da grandeza do Ceará S.C. Ao confirmar que protocolou pedido de expulsão de Conselheiros que lhe fazem oposição, apenas expõe sua inabilidade ao tratar os assuntos do clube com seriedade e clareza. O presidente protocolou desastroso requerimento em reação às últimas movimentações de conselheiros que nada mais buscam do que transparência em sua gestão. Registre-se que a partir de reiteradas recusas em cumprir esse dever, um grupo de conselheiros teve que mover ação judicial que já foi despachada com determinação ao presidente do clube de apresentar toda documentação solicitada, sob pena de ser apreciado eventual necessidade de busca e apreensão. Além disso, realizamos ontem o protocolo de requerimento junto ao Conselho Fiscal, solicitando esclarecimentos contábeis, fiscais e financeiros. Assim, esta decisão de solicitar a nossa expulsão, além de absurda frente ao Estatuto do Clube, representa a mais pura perseguição contra os que buscam a verdade. Destaco, ainda, que em certo momento na entrevista, o presidente se reporta ao convite que me fez para assumir a Coordenação de Controladoria do Clube, o que afirma sem ter a menor vergonha do episódio patético que protagonizou, uma vez que tal convite foi realizado no final de Novembro/2023 com a exclusiva finalidade de me cooptar, tendo em vista que em Outubro/2023 já tínhamos protocolado administrativamente solicitação de diversos documentos e esclarecimentos contábeis e financeiros. Esclareço, ainda, que mesmo com referido “convite”, jamais obtive acesso a qualquer documento ou informação, de modo que o presidente alegar e relembrar esse episódio só torna a situação ainda mais bizarra. Não nos calarão e a busca por transparência, se não for
resolvida internamente, será levada ao Judiciário na expectativa de nos garantir tal direito como proprietários e conselheiros do Clube.
Nilo Weber
Conselheiro do Ceará S.C.
Entenda o Caso
Em outubro do ano passado, o Blog divulgou com exclusividade que um grupo de conselheiros fez um requerimento ao Presidente do Conselho Deliberativo do clube para solicitar à diretoria executiva a ter acesso a relatórios e extratos financeiros e administrativos da atual gestão.
No entanto, os conselheiros disseram que nunca foram atendidos. Em dezembro, a diretoria executiva apresentou documentos e chamou o grupo para conferir, mas de acordo com os integrantes do conselho os relatórios estavam incompletos.
