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O 13º Dia em Doha foi recheado de novidades, notícias duras, show argentino, o tão sonhado encontro com Messi e uma corrida desesperada na madrugada para não perder o metrô. Só que o cansaço mental e físico começaram a dar sinais.
Apenas uma refeição por dia, carga de sono incompleta (apesar de dormir bem) e muita caminhada. Mas não dá para reclamar. Jamais. Copa do Mundo é algo surreal. É um sonho. Então, é reunir forças de onde não tenho para seguir firme.
Claro que às vezes, eu digito errado, troco uma frase por outra, escrevo sexta-feira, achando que é sábado, porém, nada que um bom energético ou um café bem forte não ajude. Na ida ao Centro de Mídia, na estação do metrô, há uma farmácia, e comprei 1 “unhex” cortador de unha. Porque as minhas já estão enormes.
E esse sábado começou pra valer com a notícia dos cortes de 2 jogadores da Seleção: Alex Telles e Gabriel Jesus. Pense que num instante o cansaço passou. Eu já estava me preparando para comer algo e aí tive de adiar. Matéria, vídeo e obviamente apurar com colegas o que realmente estava por vir.
E como Neymar, Danilo e Alex Sandro iriam treinar pouco depois, não tem como você não ficar também preocupado. Encontrei o querido Wellington Campos, da Rádio Itatiaia, aqui no Centro de Mídia, e na conversa a certeza de que o camisa 10 estava bem.
Aí, surgiu a notícia da Folha de S. Paulo de que Pelé, internado no hospital, já não responde ao tratamento de Quimioterapia. Então, tentei ficar ligado porque poderia surgir muito mais. E quem é jornalista sabe que (às vezes) quando surgem notícias assim, pode ser apenas o fato em si, como pode ser também um aviso, seja dos médicos, seja da família, seja de quem for, de que o pior pode acontecer.
Dou uma pausa e vou comer. Vi o cardápio do restaurante e não me agradou. Então, optei por um sanduiche natural de frango com suco. Não passou muito tempo, a CBF enviou o vídeo com imagens do treino em que Neymar está feliz e batendo bola. UFA! Pronto, uma notícia excelente.
Correria novamente para fazer a matéria, com a tv ao lado mostrando Holanda x EUA. Finalizado o material, hora de ir para o Estádio Ahmad Bin Ali acompanhar Argentina x Austrália. Como estava sem fome e sabia que a noite seria longa, peguei uma maça e uma banana na loja de conveniência do Centro de Mídia e comi. Qualquer coisa jantaria lá no Estádio mesmo.
Ao chegar ao Estádio, fui barrado na entrada, porque não pode entrar com o “unhex”. Os seguranças me informaram que eu teria de ir a um local específico para deixar o objeto. Fui até lá. Muito bacana mesmo. entreguei o cortador de unha e recebi um comprovante para retirar após o jogo.
Entrei normalmente no Estádio e fui atrás do meu lugar na tribuna de imprensa. Naquele momento faltavam, creio, pouco mais de 1h para o início da partida. Tava de boa. Rapaz… Quando o horário do jogo foi se aproximando, faltou foi cadeira para os desavisados. Ficou abarrotado. Lotado mesmo.
Não havia espaço nem pra colocar a mochila (que ficou no chão). Ainda tinha uma matéria para fazer, fiz com o notebook nas pernas e sofrendo com o wi-fi no estádio porque oscilava demais. O ex-zagueiro Oscar Ruggeri, aquele que tirou foto comigo passou e o chamei, ele lembrou de mim e demos as mãos. Uma honra!
A partida foi ESPETACULAR (principalmente no 2º tempo). Não só pela genialidade de Messi, mas pelo show SENSACIONAL dos torcedores argentinos que pareciam estar em Buenos Aires. Foi arrebatador mesmo.
Depois, correria para ir à Zona Mista e ver se era possível entrevistar Messi. Meus amigos, quando cheguei, eu tomei foi um susto. O espaço era enorme, mas também eram muitos jornalistas. Já imaginava que seria quase impossível. Detalhe, havia vários funcionários da Fifa alertando e impedindo quem tirasse foto ou filmasse. Havia vários avisos nas paredes.
Ao lado de alguns colegas brasileiros, relatos de que na partida passada teve jornalista estrangeiro que foi colocado pra fora ao tentar tirar foto. Então, nem me atrevi a sequer clicar no ícone da câmera do celular. Apenas no gravador.
Primeiro, passaram os australianos, mas com a derrota por 2×1, até mesmo os compatriotas jornalistas sentiram que o clima era chato para questionar. Um ou outro jogador conhecido deles parava e havia muito mais uma conversa do que uma entrevista.
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Depois, os argentinos começaram a passar. Aí, pense numa loucura. Eram uns 30 jornalistas com as mãos estendidas segurando o celular. Ainda consegui conversar com Mac Allister e Álvarez, que gentilmente pararam para falar com a turma com quem eu estava (jornalistas australianos), que depois foi desfeita.
Um pouco mais à frente ficaram os argentinos com colegas estrangeiros (espanhóis ensandecidos) e brasileiros. 3 metros depois, estavam divididos as rádios estrangeiras e argentinas e logo mais à frente as tvs argentinas e estrangeiras.
Só para se ter ideia, o goleiro Martínez parou apenas para as TVs e Rádios. Enquanto Otamendi parou para todos. Já era perto das 2h (o jogo terminou por volta da meia-noite), quando Messi surgiu e vocês não tem noção. Pense naquelas lojas que fazem promoção e tem uma multidão só esperando abrir pra correr e entrar. Pois foi mais ou menos assim. Queria muito ter filmado. Um gaiato japonês tentou e levou um carão daqueles pra se aquietar.
Messi parou em todos os pontos de entrevista. A correria foi tão grande que o espaço da turma das rádios ficou enorme e praticamente estava do lado dos outros jornalistas. Foi com os radialistas que consegui pegar uma palavrinha do gênio argentino. Apesar de não ter feito pergunta e infelizmente não ter filmado ou tirado uma foto. Mas fiquei quase de frente pro homi e o áudio tá guardado no celular para sempre e também aqui para vocês ouvirem.
Depois, correria ainda maior. Tinha de pegar o cortador de unha, ir até o ônibus, torcer para o motorista não vacilar e pegar o metrô, pois fechava às 3h. Só que o local onde guardei o cortador de unha já estava fechado. Mas 2 guardas muito gentis, abriram, entraram tentaram encontrar, mas não acharam. Disseram que com o número de telefone que deixei, o responsável iria entrar em contato para devolver. Eu acreditei, né, fazer o que?
Eram 2h30, quando o motorista fechou a porta do ônibus. Olhei no Google Maps que o trajeto duraria cerca de 15min. Graças a Deus o estádio é perto do Centro de Mídia. Desci do ônibus às 2h50. Tinha 10 minutos para atravessar todo o local, passar pela segurança e chegar à estação de metrô. Creio que deve ser algo em torno de 1km, 1,2km. Teria de ir correndo feito um desesperado.
No trajeto, os guardas e voluntários me viam, riam e tenho certeza que pensavam: pob, pensa que vai dar tempo. Entrei no vagão exatamente às 2h59. A camisa nas costas estava molhada. Mas valeu a pena. Pegar um Uber de madrugada, segundo relatos de colegas, não é fácil e ainda é bem caro.

Graças a Deus. Cheguei ao hotel. Morto, mas passava bem. Ligação para os familiares e dormi acabado. O domingo é outro dia que promete com as coletivas do Tite e do Thiago Silva e o jogão França x Polônia.
