Foto: Felipe Santos/Ceará SC

Nem adianta se basear pelo passado ou pelas estatísticas. Futebol tem muitas outras variantes que provocam surpresas, decepções, alegrias, prejuízos e muita grana.

Erick Pulga fez um início de temporada avassalador. Foi o grande destaque do Ferroviário no Estadual, na Copa do Nordeste e Copa do Brasil. Em 22 jogos, foram 9 gols, 3 assistências e apresentações empolgantes.

O atacante tem 22 anos, não é mais um garoto, mas também não é nenhum atleta rodado. Falta ainda experiência em competições duríssimas como, por exemplo, a Série B do Brasileiro, e enfrentar a forte pressão em um clube grande com torcida altamente apaixonada e exigente, tal qual a do Ceará.

Erick tem talento. Quem conhece futebol percebe o trato com a bola, os dribles, as investidas para cima do adversário. Por outro lado. Ainda faltam alguns componentes para se tornar um grande jogador. Mas é sem dúvida alguma uma joia, que precisa ser lapidada.

Por isso, companheiros de clube, comissão técnica e a diretoria do Ceará precisam conversar, orientar e principalmente não queimar etapas. Pulga ainda precisa entender sobre tática, sistema defensivo e se preparar psicologicamente.

Na última entrevista coletiva, após derrota por 4×0 para o Fortaleza, o técnico do Ferroviário, Paulinho Kobayashi, não o colocou Erick de titular, justamente, porque o atacante já sentia os efeitos da responsabilidade de ter fechado com outro clube, enquanto vestia a camisa do Peixe.

Isso não é nada de anormal, pelo contrário, é algo corriqueiro no mundo do futebol, mas já mostra que Erick precisa trabalhar melhor fora das quatro linhas. Se não bastasse, a força financeira também provoca mudanças na cabeça. Os salários cresceram exponencialmente e a residência saiu da Barra do Ceará para a Beira Mar.

Vale lembrar que Erick é um atacante de lado. Então, assim como seu xará no Alvinegro, vai ter de fechar bastante o corredor defensivo quando não estiver com a bola. Ter poder de decisão para saber se carrega a bola ou toca para um companheiro, se chuta no gol ou se dá a assistência. Enfim, são treinamentos, etapas que não podem ser queimadas.

E não custa ressaltar, quando os resultados estão aparecendo, tudo é festa, tudo é alegria (para pegar um jargão do querido Faustino Chaves). E aí é fácil ser exaltado. Mas quando a bola não entra, a pancada aparece até com mais força, por isso é é preciso ter cabeça no lugar, seguir trabalhando forte e com disciplina para voltar a balançar as redes.

O futebol afaga, mas também apedreja. Que Erick saiba celebrar os afagos, e desviar das pedras.

PS: Em tempo, o Ceará oficializou nesta quarta-feira, a contratação do atleta. Contrato até o final de 2025. Clube alvinegro fica com 50% dos direitos de econômicos e mais 10% de vitrine.