Presidente da CBF e o técnico interino em desembarque em Lisboa. Foto: Joilson Marconne/CBF

Pra começar, Ramon Menezes não deveria nem ser o treinador interino da Seleção Brasileira. Nem sequer da Seleção Sub-20. A CBF escolheu o profissional baseado em fatores assimétricos à importância do cargo.

Ramon só comandou 3 equipes. Vasco (14 jogos), CRB (9 partidas) e Vitória (18 duelo). Em todas, foi demitido, não concluiu sequer o término da contrato. Como é que um profissional consegue o cargo de treinador da Seleção Sub-20 e (interino) da Seleção principal?

Sem um técnico desde fevereiro (de forma oficial) com a saída de Tite e de fato desde dezembro (com a derrota para a Croácia, na Copa do Mundo no Qatar – Só um adendo. Tite informou à CBF em fevereiro de 2022 que deixaria o cargo após a Copa), a CBF aposta todas as fichas em Carlo Ancelotti. O atual treinador do Real Madrid e um dos mais vitoriosos do planeta. O problema é que o italiano só poderá assumir o comando em junho do ano que vem.

Isso é o que mais comprova o descaso e o desprezo da CBF com o time nacional. Ou seja, a Seleção Brasileira só serve única e exclusivamente para a Copa do Mundo. Não precisa conhecer o futebol brasileiro, não precisa conhecer o torcedor brasileiro, nem sequer saber onde fica a Capital, ou o principal estádio do País, a cultura, ou a paixão do povo.

A CBF escancara a falta de competência para gerir a Seleção de uma forma nunca antes vista. Não bastasse um treinador estrangeiro (o que dá claramente o sinal de que os brasileiros não têm capacidade), coloca um forasteiro que não precisa estar no País.

Pra completar, a Seleção segue afastada do próprio País, do seu torcedor. Permanece distante do futebol brasileiro. Não há jogo em solo brasileiro desde março do ano passado, 90% dos atletas convocados estão em times de outros países.

Os torcedores são fãs de jogadores de clubes europeus, os jogadores preferem atuar em clubes estrangeiros, os jogos do Brasil são marcados para fora do País. E não é feito nada para mudar esse absurdo. Pelo contrário, é aplaudido, é reverenciado e até pago.

A chegada de um novo ciclo e também de um novo treinador deveriam ser o começo de um projeto de desenvolvimento do futebol nacional, de mudanças na forma de convocar e escolher atletas, de fomentar a formação tática e técnica nacional, que encantou o mundo no passado, de valorizar o produto brasileiro (clubes, atletas, torcedores), mas infelizmente são renegados, alijados e expulsos de campo.

Infelizmente, o que há em campo e em jogo atualmente é o desejo ensandecido de tentar ser campeão do mundo em 2026, mesmo que para isso, seja necessário acabar com o pouco que temos.