Foram menos de 40minutos de entrevista coletiva, mas o suficiente para perceber que o Presidente do Ceará, João Paulo Silva, não teve a ousadia necessária para fazer as mudanças que o clube precisa com urgência.
A confissão de que errou no planejamento e nas mudanças de treinadores, que levaram o Ceará a estar neste momento com apenas 6,3% de chances de conquistar o acesso, já seriam mais do que razoáveis para ele tomar medidas drásticas com o objetivo de não ver o clube disputar outra temporada na Série B do Brasileiro.
E quando escrevo “medidas drásticas” são aquelas em que é preciso cortar na própria carne.
Não tirar ninguém do departamento de futebol, não afastar nenhum atleta, não explicar didaticamente com exemplos e referências o que acontece e, principalmente, acreditar que apenas a troca (mais uma) do treinador vai fazer o time dar uma arrancada improvável e conquistar o acesso me remetem a uma reflexão.
Há algo que o atrapalha, há algo que o impede de tomar tais atitudes ou então não há liderança e nem entendimento do que fazer com a grandeza do clube.
O discurso de que cada um no clube tem a sua responsabilidade, a conversa com os jogadores (segundo ele) para que façam reflexões, a ideia de que o novo treinador precisa de pessoas que passem o dia a dia do clube para o técnico, e que quando não há resultado, nem tudo está errado, traduzem um pouco de como o Ceará sobrevive nesta temporada.
Apesar de ter reconhecido que o Ceará tem um dos melhores elencos da Série B e que deveria estar disputando o título da competição, quando na verdade o time está distante em pontuação e em desempenho do 4º lugar e que em nenhum momento entrou no G4, já deveriam ser motivos mais do que suficientes para João Paulo dizer que há muitas coisas erradas, e não afirmar que “quando não há resultado, nem tudo está errado”.
É óbvio que faltando 13 jogos para o fim da Série B nem ele e nem ninguém no clube jamais vai jogar a toalha. Creio que não era isso que se imaginava que ele falasse na entrevista coletiva. Porém, eu esperava muito mais do que discursos de motivação e confissão de que errou.
Eu aguardava atitudes de um dirigente que viu os inúmeros erros cometidos, que levaram o clube ao rebaixamento ano passado. No entanto, o que se vê é a pavimentação do mesmo caminho, mas dessa vez com a pequena diferença de ele está na cadeira da Presidente.
