O sucesso de Arthur Cabral dentro de campo é algo que o torcedor do Ceará sempre celebra. Desde a saída dele, nunca mais o clube conseguiu um centroavante que resolvesse o problema no setor. Arthur, que chegou à Cidade Vozão com apenas 14 anos e saiu com 19, deixou o clube no final de 2018, mas segue rendendo uma boa grana ao clube alvinegro.

Cabral nasceu em Campina Grande/PB, jogou até os 13 anos no Campinense e depois desembarcou no Ceará. Diferentemente do que acontece atualmente, o clube alvinegro não pagou nenhum valor para Arthur jogar pelo Vovô.

Infelizmente, o mundo do futebol é altamente dinâmico e hoje as categorias de base são atingidas por empresários, que não dão chances aos clubes de sequer fazer um contrato com o jovem atleta. Tenho 2 amigos, pais de garotos tanto no Fortaleza, quanto no Ceará, que os filhos, atualmente com 17 e 15, já possuem agentes.

A pressão e os projetos são de encher os olhos de qualquer pai, que sonha em ver o filho jogando no profissional e, claro, ganhando milhões. A base acabou virando uma selva. Os clubes e os pais viraram reféns de empresários. Alguns, claramente, decentes e honestos. Mas há outros que maculam o meio e deixam uma imagem de que a meritocracia é jogada pra escanteio.

Se o garoto não acertar com empresário A, ele não tem nem chance de ser titular no time, nem de subir pro profissional e nem muito menos de ser negociado no futuro. Se o jovem (humilde) atleta recebe uma chuteira Nike de R$ 1.200,00 , quase o valor do salário que o Pai ou a mãe ganha, como negar um mimo e não ficar “caído” por uma oferta mais à frente por gratidão, por lá atrás ter visto futuro no menino?

O futebol não é diferente de outra categorias, em que você precisa de talento para subir na carreira, mas todos nós sabemos que uma ajuda ali ou uma indicação acolá contribuem e muito para que o futuro profissional tenha um caminho diferente. Quem não conhece uma pessoa que jogou ou joga muita bola e se pergunta: como é que não ficou no clube? Pois é!

O futebol cearense é pródigo em revelar grandes talentos. Desde quando não havia sequer Televisão, nem Castelão. Cresceu e atraiu muita atenção por todos os lados. É necessário que haja um cuidado maior não só por parte dos clubes, que em alguns momentos realmente são vítimas, apesar de também vacilarem. Mas de todos: autoridades, federação, imprensa e principalmente dos pais.

Como bem disse o treinador do Palmeiras, Abel Ferreira, ao ser questionado se iria levar o jovem Endrick, de apenas 15 anos, para o Mundial: “vamos para o Mundial, e se o clube achar por bem comprar uma passagem para a Disneylândia para ele e a família é o que ele precisa”.

Que cada jovem atleta possa ter o momento certo para brincar, estudar, treinar e jogar. Mas jamais sem sofrer uma pressão completamente fora da realidade seja no início da base ou na saída para o profissional.

📸Pedro Chaves
📸Divulgação/Palmeiras