A chegada de mais um atacante, Renato Kayzer, a contratação mais cara da história do futebol cearense provocou mais um debate nas redes sociais e até na imprensa: O Fortaleza está gastando demais? O clube não está passando dos limites? Marcelo Paz está fazendo loucura?

Primeiramente, vamos aos números. O Fortaleza pagou US$ 150 mil (algo em torno de R$ 850 mil) pelo empréstimo do argentino Silvio Romero. Adquiriu 90% dos direitos do atacante Moisés por R$ 3 milhões e investiu R$ 6 milhões em 60% dos direitos por Renato Kayzer.

Assim, de cara, o Fortaleza gastou algo em torno de R$ 10 milhões pela aquisição dos 3 reforços mais badalados para esta temporada. Por outro lado, só a venda do atacante David ao Internacional gerou uma receita de R$ 10,8 milhões. Ou seja, praticamente 1 negociação por outras 3.

Há ainda outros fatores que ajudam a diretoria tricolor a subir o sarrafo no mercado de transferências. 1) a premiação por ter chegado em 4º lugar no Brasileirão do ano passado. Cerca de R$ 28 milhões. Não vou nem citar a premiação total da Copa do Brasil (R$ 17 milhões), deixa para as despesas de 2021.

2) Há ainda o valor da cota de participação da Libertadores. Pelos 3 jogos, que irá fazer em casa, o Leão irá receber US$ 3 milhões. Algo superior a R$ 16 milhões. Há ainda as receitas de bilheteria para esses jogos, aumento do número de sócios (que passou dos 30 mil) e de patrocinadores pontuais para os duelos na competição mais importante do continente.

Vale lembrar ainda que o Fortaleza receberá cotas de transmissão/premiação da Copa do Nordeste, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro (Campeonato Cearense é pouco mais de R$ 600 mil). E quanto mais avançar nas competições de mata-mata ou concluir a Série A numa boa posição, as receitas aumentam.

O leitor mais ávido pode lembrar das aquisições de Marcelo Benevenuto (R$ 4,5 milhões) e Matheus Jussa (R$ 1 milhão). No entanto, parte dessas compras foram catalogadas no orçamento anual do clube de 2021, que previa cerca de R$ 5 milhões em gastos com direitos econômicos.

Sem esquecer que o clube tricolor projetou um orçamento de R$ 144 milhões para 2022 e apenas R$ 544 mil de superavit. Ou seja, praticamente não há nem o objetivo de lucro. Para fechar, o valor em aquisições para 2022 foi orçado em R$ 6,8 milhões, antes da venda do atacante David, que não estava no planejamento leonino. Não foi à toa e nem loucura ir ao mercado trazer 3 atacantes por R$ 10 milhões.

📸 Karim Georges/FortalezaEC