Foto: Daniel Galber

A Justiça Desportiva brasileira é conhecida por ser branda e aliviar nas punições. Há inúmeros casos, processos e julgamentos das mais variadas infrações, desde arremesso de copo no árbitro, passando pelo gravíssimo racismo até mesmo invasão e agressão de torcedor a jogador dentro de campo.

Na sociedade, então, nem se fala. A impunidade à elite e a punição aos pobres são questões recorrentes, desde que os portugueses chegaram por aqui.

Os acontecimentos estarrecedores do último domingo na Arena Castelão vão ser julgados na próxima semana. Aliás, para dar uma resposta rápida aos desportistas, o STJD, em menos de 48h, denunciou e puniu (liminarmente) o Ceará com jogos de portões fechados e sem venda de ingressos de visitante.

Para não esticar a baladeira, ou melhor, para não precisar recorrer a casos tão graves do passado, vou exemplificar um bem recente. Em 13 de julho, torcedores do Santos invadiram o campo da Vila Belmiro, após a partida contra o Corinthians e agrediram jogadores do Timão. A cena de um vândalo correndo para acertar um pontapé no goleiro Cássio rodou o mundo.

O Santos só foi julgado e punido quase 30 dias depois. Pegou apenas 2 jogos com portões fechados e uma multa de R$ 35 mil.

Jamais este Blog (e creio que qualquer pessoa de bom senso) vai querer que haja impunidade, quando acontece uma injustiça e se conhece os culpados. Não é o motivo desse artigo. É preciso que os culpados sejam julgados e condenados de acordo com a Lei.

O que não pode é querer transformar o time do Ceará, como a gente fala no popular, em “Boi de Piranha”. A sensação que passa é que uma parte da mídia (principalmente a sudestina, que apesar do alcance nacional, é voltada quase que exclusivamente para os clubes do “eixo”), dirigentes de clubes e até influencers, que não sabem sequer quantos lados tem uma bola, estão numa sanha acima do normal. E bradam que é “preciso acabar com a violência no futebol”, “o Brasil não aguenta mais tanta impunidade”.

Claro que aqueles que vivem do futebol querem o fim da violência, não querem nunca mais ver o que foi visto no último domingo na Arena Castelão. Agora, o Ceará não pode ser o responsável e levar nas costas ou em julgamento a culpa pela impunidade que assola este Brasil.

O time alvinegro deve ser punido, sim. Creio que até os torcedores são conscientes disso. Mas o que eles desejam é que não se coloque um fardo maior do que foi colocado em outros e que o fato de não ser do eixo e de em anos anteriores não ter cometido barbaridades semelhantes não seja o fator para ser julgado como um verdadeiro “Boi de Piranha”.