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5º dia em Doha e e essa sexta-feira no Qatar foi recheada de emoção, cansaço e alívio. Depois de ir dormir quase 4h da manhã, devido ao jogo do Brasil, acordei às 9h30, pois às 11h aconteceria um evento da Conmebol em homenagem aos 2 anos da morte de Diego Maradona.

A solenidade contaria com as presenças dos jogadores das Copa de 1978 e 1986, ganha pela Argentina, e dos presidentes da Fifa e da Conmebol. Ou seja, havia a possibilidade de encontrar meu xará, campeão e artilheiro em 1978.

Quando cheguei, eu tomei foi um susto, o tanto de repórteres e câmeras já posicionadas à espera dos astros argentinos. Sem contar torcedores e curiosos que passavam pelo local e paravam para saber o que é ou até para também fazer um registro.

Dei uma volta, e logo de cara vem vindo Mário Kempes, Zanetti e Stoichkov, o astro e ex-atacante búlgaro, amigo de Maradona. Consigo fazer o registro, falo rapidamente com o xará, mas sou interrompido pelos torcedores ávidos por uma selfie.

Depois do protocolo tradicional, com as falas das autoridades e dos ex-jogadores e um calor daqueles cearense, a segurança do evento não conseguiu conter os jornalistas e nem os torcedores. Dezenas conseguiram acesso, entramos e tudo se tornou um caos. Os astros são cercados por todos os lados. O Simeone foi acuado pelos repórteres em um canto e ficou preso por pelo menos 30min respondendo às perguntas.

Eu, claro, fui logo atrás do Kempes, que tentava sair despercebido, mas cheguei em cima. Ele quis se desvencilhar, mas apontei o celular e disse que queria fazer uma pergunta, ele respondeu: fala. E eu falei. Não deu mais tempo pra mais nada e quando ia pedir a foto e mostrar o crachá chegaram torcedores e repórteres para também entrevistá-lo e ficou impossível outro contato.

Fiz vários registros históricos com Valdano, Bertoni, Pumpido e Fillol (os goleiros campeões em 1986 e 1978) juntos, mas não conseguia chegar mais perto do meu xará. A organização do evento percebeu que se não chegasse com mais seguranças e retirassem a força os jogadores, eles não iriam escapar nunca.

No finalzinho, no hotel ao lado, encontro Oscar Ruggeri, um dos maiores zagueiros da história da Argentina. Campeão em 1986 e um dos poucos atletas do mundo que fez sucesso no Boca Juniors e no River Plate. Ele concedia uma entrevista a uma emissora.

Quando terminou, pedi para tirar uma foto e falei meu nome. Ele ficou surpreso. Não acreditou. Mostrei minha credencial e pronto. Foi demais. Contei toda a história e ele ficou impressionado. Inclusive me deu um abraço e tirou uma foto segurando o meu crachá. Ganhei o dia. Não consegui com Kempes, mas consegui com Ruggeri. Foi emoção do mais alto nível.

Depois disso, olhei para o relógio eram 13h26. Foram quase 3 horas em pé e sob forte calor. A adrenalina passou e o cansaço bateu forte, o corpo pedia alimento, água e um local para sentar. Só que o espaço onde a Conmebol fica é numa área nobre de Doha. Prédios luxuosos, lojas e restaurantes chiques.

Fui atrás de almoçar, rodei e encontrei 4 restaurantes: todos com comida oriental, e alguns cafés. Optei por fazer um lanche: 2 copos de suco de laranja com croissant. Saiu quase pelo preço do buffet do almoço no centro de mídia: 45 catari. Consegui fazer uma matéria. Nesse período, no grupo de WhatsApp da imprensa da Seleção a assessoria informa que o treino, que seria fechado vai ser aberto.

Dessa forma, pensei em logo almoçar, porque lá no Estádio Grand Hamad não tem local pra comer, e o treino seria às 17h, mas a CBF pede pra gente chegar antes das 16h30. Tive de ir atrás de algo. Graças a Deus encontrei uma barraca (na verdade parecia mais um food truck) com saladas e encontrei um frango à milanesa com macarrão: MEUS AMIGOS – ESPETACULAR. E ainda por apenas 25 catari.

Comi bem e ainda ganhei uma copão de salada de fruta. Alívio, alegria e bucho cheio. Já eram 16h. Tinha de pegar o ônibus para o treino. Pelo Google, eu chegaria no estádio, 16h40, então, peguei um Uber. Imagine você no viaduto da Raul Barbosa indo para o Castelão? Pois é seria mais ou menos assim, quase que uma reta. Só que o motorista (falou em árabe algo), apontou para a rua ao lado e seguiu por outra.

Fui olhar no Google Maps e as ruas estavam todas vermelhas, engarrafadas. Pois o motorista deu uma volta sem tamanho ao invés dele seguir “para o Castelão pela Raul Barbosa, ele foi lá pela Washington Soares” para fugir do engarrafamento. Rapaz… foi bala, tudo limpo e chegamos ao treino às 16h20.

Com o anúncio da lesão do Neymar e do Danilo, a atividade ficou em 2º plano, todos debatiam sobre se o camisa 10 não já estaria fora da Copa, quem seria o substituto e se Daniel Alves jogaria diante da Suíça.

Mais uma matéria pra fazer e depois, ao lado dos colegas Guilherme Pinheiro, do Flazoeiro, e Samir Mello, do Metrópoles, fomos de Uber para a estação de metrô para irmos ao Centro de Mídia, jantarmos e em seguida irmos para o jogo Inglaterra x EUA. Essa partida foi no Al Bayt o estádio mais longe da Copa. Fica a 70km do centro de mídia, mais de 1h de viagem.

O Uber nos deixou na estação de metrô errada. Tivemos de mudar de linha, perdemos tempo e chegamos ao Centro de Mídia às 20h15. O Samir foi logo para o Estádio disse que precisava fazer uma matéria rápido e faria no ônibus, enquanto eu e o Guilherme jantamos rapidamente e depois fomos para o local do ônibus. Já sabendo que era possível só chegarmos próximo à hora do hino.

Chegamos lá, por volta das 20h45 e fomos informado que os ônibus saem no máximo até 2h antes da partida. Ou seja, lascou tudo. Guilherme pediu um Uber. 12 minutos para chegar. O motorista se perdeu, demorou mais de 20 minutos para chegar.

Assim, já sabíamos que iriamos perder o início da partida. O motorista foi bala, rápido mesmo, a previsão era de chegar ao estádio 21h10. Mas chegando lá. Os seguranças fizeram o Uber dar uma volta para o outro lado do Estádio, e não havia um retorno perto, foram mais de 5km até achar um retorno, depois, nova frustração, os seguranças não deixaram a gente passar. Descemos e fomos a pé do lado contrário da entrada da mídia e ainda longe do estádio. Foram quase 2km a pé e atrasado.

Chegamos no setor de imprensa com o árbitro apitando o final do 1º tempo completamente exaustos. Pra piorar, o jogo foi cansado, 0x0, e então sair rápido para pegar o ônibus (que só sairia 30min depois da partida). Esperei e graças a Deus cheguei só o corpo no Centro de Mídia. Em seguida, metrô, e graças a Deus no hotel.

Rapidamente falo com a família e, sem força nem para comer algo, desmaiei de sono. Afinal, o sábado promete com coletiva na Seleção e jogão entre Argentina e México.