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19º Dia em Doha e o que começou e parecia ser um dia de alegria e muita festa se transformou numa enorme tristeza, frustração e decepção. Pela manhã, eu já havia começado a fazer vídeos dos torcedores próximos ao Centro de Mídia (CMQ).

Era contagiante ver as pessoas, de diversas nações, com camisas e bandeiras do Brasil e também da Argentina. Havia no ar um desejo de todos por uma semifinal entre as duas seleções. Aliás, quando eu dizia que era brasileiro e pedia para tirar uma foto ou fazer um vídeo, o sorriso deles aparecia de forma natural.

Fui de metrô para o Estádio e logo de cara encontrei vários croatas. Animados e pareciam até prever o que estaria por vi. Mas logo ao sair, tudo mudou. A sensação era de estar no Brasil. Tudo tomado de verde amarelo e uma festa por onde passava, desde a estação até os portões de entrada. A Seleção jogaria em casa. O Estádio Education City parecia mais um Maracanã.

Fui para a Tribuna de Imprensa. Não conhecia a arena. E como todos os outros desta Copa é encantadora e muito limpa. Do lado, a poucos metros, a equipe de transmissão da Globo, com Galvão Bueno, Roque Júnior e Ana Thaís Matos. Na mesma linha, só que um pouco a cima, a do Sportv, com Lédio Carmona e Milton Leite.

Em campo, contudo, todos vimos o que aconteceu (farei outros posts sobre o jogo, a derrota e a eliminação brasileira). Não teve nada de sinal, de superstição ou de previsão pelo resultado. Foi bola e foi muito decepcionante.

Eu acabei ficando até os últimos saírem de campo. Pelo lado brasileiro, foi o zagueiro Thiago Silva. Enquanto pelo croata, foram os filhos pequenos dos jogadores. Foi preciso um oficial da Fifa ir ao gramado dizer que já estava na hora de ir embora. Creio que já havia passado mais de 30min do fim dos pênaltis.

Em seguida, fui para a zona mista. No elevador, encontro Roque Júnior e questiono sobre o motivo do gol tomado na prorrogação. O pentacampeão relata que faltou concentração, porque a defesa estava bem postada e que a saída, antes para o campo de ataque, seria algo natural, mas não podia, obviamente, perder o foco. E para ele foi o que aconteceu.

Na zona mista, mais de 100 jornalistas presentes. Uma verdadeira torre de babel. Na entrada, fui logo abordado para qual idioma. Fui direcionado a ficar em um vão com os colegas brasileiros, mas havia outros com dezenas e dezenas de repórteres.

Os jogadores da Seleção demoraram quase 2 horas para aparecerem. Os croatas passaram primeiro. E, claro, Luka Modric foi o mais assediado. Nesse período, vários argentinos querendo ver o jogo contra a Holanda, enquanto os brasileiros queriam ver a coletiva do Tite.

Em determinado momento, os funcionários atenderam os pedidos, havia monitores com a partida da Argentina e com a coletiva do treinador do Brasil. Quando os jogadores croatas surgiram, desligaram tudo. O protesto rolou, mas ficou apenas na lamentação.

Depois, os atletas brasileiros surgiram. E a cara de choro era visível em todos. Mas nada se comparava a de Richarlison. O camisa 9 chegou chorando, deu entrevista chorando e saiu chorando. Aliás, foi comovente o depoimento dele.

Neymar também apareceu, foi último a passar e pacientemente atendeu a todos. Depois de algumas perguntas, também caiu no choro. Finalizada as entrevistas, passavam das 23h (cheguei ao Estádio por volta às 16h). Foi o jeito correr para pegar o metrô e ir ao Centro de Mídia (CMF) para comer. Saco vazio não se sustenta em pé. Só havia almoçado (pouco) por volta das 13h.

Ao lado de alguns colegas, fomos conversando, lamentando e ainda sem acreditar na eliminação do Brasil. No CMF, quase vazio, havia mais funcionários do que jornalistas, deu para pegar o final do tempo normal de Argentina x Holanda.

Todos os presentes, incluindo 2 jornalistas argentinos, torcendo para a equipe de Messi. Eu também, óbvio. Agora, torço para os hermanos irem à final contra Portugal e poder ver o duelo entre Messi e Cristiano Ronaldo.

De vez em quando, batia a lembrança que o Brasil foi eliminado e ficava sem acreditar. Terminado a partida da Argentina. Peguei o metrô. No hotel, falei com os familiares. Mas foi difícil dormir. Só consegui realmente pegar no sono já perto das 6h deste sábado.

Serão ainda 10 dias em Doha, só volto ao Brasil na madrugada do dia 19 pro 20 de dezembro. Assim, ainda vou ter muito o que procurar para fazer e trabalhar. Só espero que não haja mais tanta frutração. E neste sábado, vou à França x Inglaterra.