A culpa pela eliminação do Brasil da Copa do Mundo não é do técnico Tite. Como escrevi no artigo anterior, futebol é um jogo coletivo, apontar herói ou vilão é muito mais uma cultura messiânica do que necessariamente tentar fazer justiça.

Agora, claro que o treinador da Seleção cometeu erros. Isso é indiscutível. Creio que até ele tenha consciência desses falhas. Tite abraçou conceitos que lembrou Felipão em 2002, com a diferença que o seu conterrâneo gaúcho conquistou o Penta.

Naquela Copa do Mundo, do Japão e da Coréia do Sul, Scolari fincou o pé e não convocou Romário. O que causou enorme insatisfação dos torcedores e até de parte da imprensa. O treinador insistiu em Ronaldo, que voltava de uma séria lesão no joelho, e ainda criou um ambiente bastante familiar, batizado por muitos de Família Scolari.

Em 1993, Carlos Alberto Parreira se viu muito próximo do fracasso de não levar a Seleção para a Copa dos Estados Unidos no ano seguinte. Ele rejeitou Romário durante praticamente todas as eliminatórias. E no último jogo, precisou recorrer ao baixinho, que fez os 2 gols da vitória sobre o Uruguai e classificou o Brasil. No Mundial, Brasil foi campeão com o camisa 11 sendo um dos protagonistas.

Em 2022, Tite fincou o pé e convocou Daniel Alves. O lateral vivia, talvez, o pior momento na sua gloriosa carreira. Mas a experiência do atleta de 39 anos poderia fazer a diferença. Não fez ainda mais quando se mais precisou dele no jogo contra a Suiça, quando foi preterido pelo zagueiro Militão, e na prorrogação ou nos pênaltis diante da Croácia.

Tite também Gabriel Jesus, como centroavante, que no 2º mundial consecutivo, completou 8 partidas sem fazer nenhum gol. Pra completar, o treinador ainda foi criticado, principalmente por torcedores do Flamengo, por ter preterido Gabigol, com quem teve uma birra, e optado por Jesus e Gabriel Martinelli, ambos do Arsenal.

Se não bastasse, na partida diante da Croácia, tirou Vinícius Júnior no 2º tempo para colocar Rodrygo, e não Martinelli, o eventual substituto do atacante do Real Madrid. E ainda viu o time esquecer a vantagem no placar e o tempo que restava para se jogar à frente e levar o empate de contra-ataque.

A sensação é que Tite acabou padecendo como Parreira e Felipão, mas justamente nos anos em que foram eliminados. Em 2006, tal qual Modric, Zidane foi o maestro e o Brasil caiu diante da França. Em 2014, faltou inteligência para enfrentar os alemães, assim como os croatas tiveram para encarar o Brasil.