
28º Dia em Doha, o último dia de Copa do Mundo. O que aconteceu neste 18 de dezembro de 2022 foge de tudo o que eu já tinha presenciado. Pareceu um sonho ou um conto de fadas. A maior final de todos os tempos teve 6 gols, prorrogação, pênaltis, emoção, tensão, alívio, festa e consagração.
Em alguns momentos, como aconteceu praticamente todos os dias nesta Copa, eu me perguntava se eu não estava sonhando. Se era real mesmo tudo o que estava acompanhando. Ver ao vivo a história passando na sua frente é algo que talvez só daqui alguns anos deva entender. Quem viu Garrincha em 1962, Pelé em 1970, Maradona em 1986 deve ter sentindo a mesma coisa.
O dia começou com correria. Precisava ir ao Centro Cultural Islâmico trocar os livros que me deram (estavam em espanhol). Depois, tinha de almoçar no centro de mídia auxiliar (CNQ), em seguida ir ao Centro de Mídia principal para ir de ônibus ao Estádio Lusail.
Consegui fazer tudo e às 14h já estava no CMF. O ônibus sairia às 15h, então ainda deu pra fazer uma matéria. Só que este domingo é o Dia Nacional do Qatar (o 4 de julho ou o 7 de setembro deles). As ruas são fechadas, é uma festa enorme pelo país.
No trajeto ao Lusail, a polícia impediu de irmos pelo caminho, que sempre o ônibus da mídia fazia. Foram momentos de tensão, porque o motorista pareceu não entender e nem saber o que fazer. Depois de um longo diálogo com um oficial da Fifa, foi necessário pegar realmente o trajeto que a polícia determinou.
Pegamos um engarrafamento enorme, mas deu pra chegar ao Estádio por volta das 16h30. O ambiente nos arredores da Arena era algo completamente diferente dos outros jogos. Se antes havia 5 pessoas do lado de fora, dessa vez havia 20 mil. Estava tomado, muitos, claro, sem ingresso e fazendo uma festa daquelas.
Enfim, ao entrar fui direto para o meu lugar na tribuna de imprensa. Local excelente. Parecia uma arquibancada só para jornalistas brasileiros. Dava para perceber em cada um o sorriso, a alegria e a emoção por estar trabalhando na Final da Copa. E foi realmente algo arrebatador. Aliás, eu e muitos compramos o copo da Final.
Mas nada do que eu possa escrever vai conseguir definir o que todos nós presenciamos. Uma partida épica, histórica que coroou e consagrou um novo Rei, o maior de toda uma geração.
Eu só deixei o Estádio às 23h15. O jogo (até a decisão por pênaltis) acabou por volta das 22h. Fiquei fazendo minhas matérias e vendo a festa dos argentinos. Foi impactante. Mesmo 1 hora depois, eles seguiam fazendo um espetáculo fenomenal.
Na saída, ainda vi Galvão Bueno e o ex-atacante argentino Maxi Rodríguez perto do centro de mídia. Depois, já exausto, fui pegar o ônibus de volta ao CMF. Só que havia um engarrafamento surreal. Ficamos parado no estacionamento por mais de 30min sem conseguir sair. Então, eu decidi descer e ir de metrô.
Na estação, parecia que estava no Lusail. No caminho, os argentinos cantando e no metrô com o eco virou uma arquibancada. Abarrotado, completamente lotado. Mas sem problema, apesar do aperto e do cansaço, foi de boa.
No CMF, peguei minhas coisas, me despedi e senti aquele aperto no peito. Foram 28 dias de trabalho, de convívio e com a certeza de havia acabado e foi maravilhoso. Aí, a emoção começou a aflorar. Mas deu pra ficar em pé e chegar bem ao hotel.
Conversei com os familiares, mas o sono não chegava, mesmo exausto. A adrenalina era enorme ainda. E muita coisa passava pela cabeça. Escrevo em outro artigo, com tudo o que essa copa proporcionou na próxima postagem sobre tudo isso. O sono só chegou depois das 5h.
Este diário se encerra com um agradecimento especial a quem acompanhou. Que possamos estar juntos em 2026 nos Estados Unidos.
