
Não foi uma partida tecnicamente agradável, mas sobrou disposição, tensão e emoção. O diferencial, talvez, tenha sido o lado emocional. Curiosamente, pelo lado tricolor, que havia padecido nos Clássicos anteriores, quando perdeu.
O golaço marcado por Erick, logo aos 8min, era tudo o que o Ceará precisava para acabar com a vantagem do Fortaleza e ainda deixar a equipe de Juan Pablo Vojvoda abalada.
Pra completar, aos 31min, as falhas de Tinga e o frangaço de Fernando Miguel no chute de Janderson foram imperativos com o 2º gol alvinegro. Naquele momento, o Ceará mandava no Clássico e fez o placar que precisava pra ser campeão.

Era o pior cenário possível para o Fortaleza. Sem criatividade, taticamente muito bem marcado e com os principais jogadores (Lucero, Galhardo, Pochettino e Moisés) sumidos, a sensação era de que o Ceará iria repetir o roteiro das vitórias anteriores: abrir 2×0, ficar lá atrás e esperar os contra-ataques para matar o jogo.
Só que Final de campeonato ainda mais Clássico-Rei não há um roteiro preestabelecido. Quase no último lance do 1º tempo, Moisés, que já havia tido a chance de diminuir, mas optou por se jogar na área para cavar um pênalti, foi derrubado dentro da área por Caíque. Lucero bateu a cobrança e diminuiu.
Era tudo o que o Fortaleza precisava para ir aos vestiários, renovar as energias e voltar com tudo para buscar o empate.

No entanto, não foi bem o que se viu. Apesar da entrada de Calebe na vaga de Pochettino, que havia sido figura apagada em campo nos 45min iniciais, o Fortaleza pouco arriscou. Na verdade, nem o Ceará.
Os 2 times só partiram para o ataque na boa e claramente esperavam alguém errar para sair desesperadamente no contra-ataque. O excesso de bolas longas, a escassez de jogadas individuais, a falta de saída de bola com qualidade foram evidentes, assim como a tensão e o medo de um vacilo dominaram a 2ª etapa.
Depois dos 30min, as mudanças começaram a aparecer. Morínigo, que já havia colocado Jean Carlos e Luvannor, nas vagas de Chay e Janderson, mandou a campo Castilho, Barcelos e Hygor. Mas o panorama não mudou.

Assim como Vojvoda também colocou em campo Romarinho e Pikachu e depois Lucas Crispim. Mas o cenário não foi alterado. Nem mesmo nas famigeradas bola parada, os jogadores conseguiam algo de diferente, e a decisão parecia correr para os pênaltis.
Só que o emocional, que derrubou a equipe leonina nas partidas passadas, dessa vez se sobressaiu. E foi o diferencial positivo para o elenco.
Uma bola roubada no meio de campo, aos 41min, fez o Fortaleza ter a posse no campo de ataque, rodou pelo meio, pelo lado direito até que Tinga recebeu na área e tocou para Calebe, que num giro de corpo, bateu no alto e empatou o jogo. Era o gol do título.
Faltando 4min para o fim da partida (mais 8min de acréscimos) e 2×2 no placar, o Fortaleza se segurou lá atrás. Vojvoda ainda colocou Benevenuto na vaga de Romarinho (que havia entrado no 2º tempo) para dar mais altura à defesa.
Só que os deuses do futebol ainda prepararam uma cena histórica com Fernando Miguel. Autor de um frango histórico, o goleiro do Fortaleza, praticamente no último lance da partida, fez uma defesaça impressionante em um chute de Castilho e salvou o que seria o 3º gol dos alvinegros, que levaria a disputa para os pênaltis.
Fim de jogo e o Fortaleza mesmo com um elenco mais qualificado tecnicamente, com maior força econômica, teve de se sobressair no mental para conquistar o pentacampeonato.