
Coluna “Joguem com Elas”
Decepção, vexame, fiasco… Os adjetivos são vários para a precoce desclassificação da Seleção Brasileira ainda na 1ª Fase da Copa do Mundo da Austrália e Nova Zelândia.
Por toda a estrutura, investimento e, principalmente, qualidade das atletas, nada justifica ser eliminada pela seleção da Jamaica, que chegou ao Mundial através de vaquinha e da ajuda da filha do Bob Marley.
Por isso, é necessário rever conceitos, atitudes, planejamento e investimento ao futebol feminino. Inclusive, foi criado por muitos um clima de que a Seleção era favorita ao título, sem nunca antes ter conseguido tal feito. Aliás, nas últimas 3 copas, o máximo que o Brasil chegou foi às quartas de final.

Talvez, o sucesso estrondoso da Rainha Marta, 6 vezes eleita a melhor do mundo, ou os títulos da Libertadores, das 14 edições, 11 títulos ficaram com o futebol brasileiro, ou ainda transmissões de jogos do Campeonato Brasileiro na telinha da maior emissora do País, tenham iludido os que propagavam tamanha empolgação.
No entanto, o fracasso é acompanhado de resiliência. A decepção, de recomeço. O erro, de aprendizado. Por isso, é necessário uma profunda mudança. Mas não aquela feita, após o 7×1 de 2014, pelo masculino, que ficou apenas no papel e na vontade.
Primeiro, é necessário reconhecer a fragilidade, a diferença de tratamento, a crítica construtiva e principalmente a profundeza em que vive o futebol brasileiro feminino. Da falta de patrocínio à discriminação, da má vontade ao preconceito, do escassez de profissionais à lacração.

A CBF já anunciou que vai seguir com o investimento com a manutenção e criação de competições, para dar oportunidades ao surgimento de novas atletas.
Se não souber onde e como investir, o poço profundo vai permanecer, e o futebol brasileiro feminino vai seguir como algo raro, sem profissionalismo e apenas na base da obrigação, como muitos clubes fazem para mantes seus times.
Seria interessante se os teóricos profissionais da bola, sentados em suas respectivas salas (com ar condicionado) parassem de viver no mundo ideal e fossem conhecer o mundo real. Há um abismo enorme.
Enquanto não encararem a realidade, acreditarem que o futebol brasileiro está apenas no eixo Sul-Sudeste, vamos seguir padecendo dentro e fora das quatro linhas, antes, durante e depois de uma Copa do Mundo, como a que foi encerrada nesta terça-feira, 2 de agosto de 2023.
