
Melhor campanha, melhor time, único invicto, 100% de aproveitamento dentro de casa, já havia vencido o adversário na fase anterior e ainda merecia ter ganho no confronto de ida.
Tudo levava, tudo mostrava que não havia dúvidas de que o Ferroviário era o grande favorito não apenas para eliminar o Maranhão, mas ganhar e fazer uma linda festa no Estádio Presidente Vargas.
Aliás, o PV esteve lindo antes, durante e depois da partida. Uma festa daquelas arrebatadoras, que vai entrar sem dúvida alguma para a história da quase centenária praça esportiva alencarina.
Só que o futebol, novamente, em mais um capítulo daqueles que impressiona, que desmente a lógica e que apaixona a todos, transformou um jogo que parecia ser apenas a coroação de uma grande campanha, num verdadeiro filme de drama para maltratar o torcedor coral.
O time não jogou bem, é verdade. Parecia estar nervoso pelo peso enorme de ser o melhor e de tentar acabar com o martírio na 4ª divisão nacional.

A insistência do 0x0 até os 44min do 2º tempo, com o goleiro Moisés, do Maranhão, em mais uma grande atuação, provocava o desespero de todos os torcedores achando que novamente o Peixe iria morrer na praia, se fosse para os pênaltis.
Só que naquele minuto, os deuses do futebol apareceram. Não há explicação lógica para o que aconteceu a partir de então. O melhor zagueiro do Campeonato, um dos artilheiros do time, um dos grandes nomes do Ferroviário na temporada, falhou de uma forma inacreditável, e o time maranhense ganhou de presente uma cobrança de pênalti.
O desespero no Estádio Presidente Vargas foi tamanho, que deu para ouvir choro, ver lágrimas e alguns saírem cabisbaixos. O telão indicou 8 minutos de acréscimos.
O pênalti foi convertido aos 47min do 2º tempo pelo lateral Fontes. 0x1 e o pequeno grupo de maranhenses no PV celebrou como se o jogo tivesse acabado.
Faltando pouco mais de 5min, o Ferroviário precisava empatar para levar o jogo aos pênaltis, justamente o que nenhum torcedor queria. Só que a noite era realmente épica e precisava de um roteiro escrito pelos deuses do futebol.
Em uma falta próxima à área, Ciel bateu forte, mas o goleiro Moisés novamente impediu o gol. O escanteio parecia ser mais um entre tantos em que o Peixe tentou durante toda a partida e não obteve sucesso.
Mas dessa vez, como num filme, o protagonista teve ajuda de alguém inesperado, e o zagueiro adversário acabou colocando a bola pra dentro. O som da celebração do gol foi tão forte como o de um trovão.
O grito da torcida tirou da garganta, do peito, algo que estava não apenas preso, mas que estava incomodando e machucando o torcedor coral. O alívio e o êxtase foram imediatos.
As cobranças de pênaltis, que muitos não queriam nem imaginar, parecia agora, que seria a salvação ao paraíso.
E como num enredo de um filme com um roteiro de que precisava de mais drama, de mais sofrimento para depois um final feliz, os maranhenses até abriram o placar, mas inexplicavelmente, um dos melhores do time, o zagueiro Leone, marcou o gol, mas com a extinta paradinha desde 2010. O tento foi anulado.
Ciel, então, foi para a 1ª batida do Ferrão e não deu nem chances para Moisés. E em filmes de super-heróis, não se restringem a apenas 1, outro precisou entrar em ação: Douglas Dias. O filosofo já dizia: alguns heróis não usam capa. O goleiro do Ferrão usava a camisa 1.

Foram 2 cobranças defendidas e o MAC havia perdido logo as 3 cobranças, enquanto o Ferroviário converteu 2. Faltava apenas Gabryel fazer o dele.
Com personalidade, de quem entrou durante o jogo para acabar o sofrimento no tempo normal, o autor do escanteio que originou o gol salvador de empate aos 50min do 2º tempo, bateu para causar quase um terremoto no Estádio Presidente Vargas.
Uma classificação épica, histórica, inesquecível, escrita e desenhada pelos deuses do futebol para deixar registrado que na noite de 03 de setembro de 2023 o Ferroviário é o time dos maiorais, continuou a jornada, não enxergou sacrifício e enfrentou qualquer parada. Salve o Ferrão!