Na última sexta-feira, 12, os repórteres Danilo Queiroz (Futebolês do Sistema Jangadeiro) e Alysson Lima (Rádio Expresso FM) divulgaram em seus respectivos perfis no Twitter que o goleiro João Ricardo não havia viajado com a delegação do Ceará para Teresina.

O time alvinegro embarcara para a Capital piauiense para enfrentar o Altos, sábado, pela 3ª Rodada da Copa do Nordeste. E o goleiro recém-contratado da Chapecoense, que havia sido titular na quarta-feira, contra o Ferroviário, não fora relacionado, devido ter feito um exame e testado positivo para Covid.

Ainda na sexta-feira, o repórter Guilherme de Andrade, do site Futebol Cearense, questionou a assessoria de comunicação do Ceará, no grupo de imprensa do clube no aplicativo Whatsapp, sobre o goleiro João Ricardo. A resposta da ascom foi essa: “Boa noite. Boletim do CESP somente uma hora antes de Altos x Ceará”.

Vale destacar ainda que na mesma sexta-feira, o repórter Déo Luis, da Rádio Verdes Mares, também noticiou sobre o teste positivo do goleiro João Ricardo, nos programas da Verdinha. Enquanto o Jornal O Povo destacou na sua edição de sábado que dois jogadores do Ceará testaram positivo para COVID: o goleiro João Ricardo e o volante Pedro Naressi

No sábado, uma hora antes da partida, a ascom do Ceará soltou a escalação do time, mas não informou sobre o boletim do CESP. Eu acabei questionando: “Boa Tarde. Felipe Silva e João Ricardo não foram relacionados por qual motivo?”

Em seguida, o repórter Rodrigo Cavalcante, do Canal do Vozão, também questionou: “Jael e Naressi também?”

A ascom do Ceará respondeu da seguinte forma: “Boa tarde. CESP está zerado. Testes negativados para Covid”.

Não satisfeito com a resposta, eu questionei: “Só pra não haver ruído de informação. Então, João Ricardo, Felipe Silva, Naressi e Jael não foram relacionados por opção do treinador e não por desgaste ou por recomendação do CESP?”

A resposta da Ascom do Ceará foi positiva: “sim”.

Após o jogo, apenas aqueles que trabalham ou exercem alguma função em determinado veículo de comunicação ou agências de notícias/mídia podem fazer perguntas nas entrevistas coletivas guiadas. O regulamento do departamento de comunicação do clube esclarece:

“Páginas direcionados à torcida e/ou portais segmentados, com perfis em redes sociais, blogs e sites, credenciados à APCDEC, terão acesso a informações depositadas aqui no grupo de imprensa do Ceará, além de arquivos de foto, vídeo e texto – no entanto, não realizando, assim, o envio de perguntas para participação das coletivas de imprensa”.

Eu não posso fazer perguntas. Assim como também, por exemplo, o Rodrigo Cavalcante. E cada representante de veículo de comunicação só pode enviar duas perguntas e precisa ser por áudio, não pode ser por escrito, no grupo de imprensa de whatsapp do Ceará.

As perguntas enviadas ao treinador Guto Ferreira foram dos seguintes repórteres: Eudes Viana (Rádio Assunção), Danilo Queiroz, Alysson Lima, Sérgio Cavalcante (Programa Futebol na Cidade, da Rádio Cidade) e Déo Luís (Rádio Verdes Mares).

Danilo Queiroz fez duas perguntas. Uma sobre o goleiro João Ricardo e outra sobre o atacante Jacaré. Que você pode ouvir abaixo:

Alysson Lima fez apenas uma pergunta sobre o goleiro João Ricardo, você pode ouvir abaixo:

A pergunta do Danilo Queiroz, sobre o atacante Jacaré, foi praticamente igual a que o Eudes Viana fez. Infelizmente é assim, como não é ao vivo, e a janela de perguntas é de apenas 10 minutos, cada repórter elabora sua pergunta, grava e envia pelo grupo de whatsapp. Imagine a situação, é possível que todos façam a mesma pergunta. Mas enfim, é dessa forma.

Aa perguntas foram enviadas e colocadas no grupo de whatsapp antes das 18h04, como foi ordenado pela ascom do Ceará.

A coletiva do treinador Guto Ferreira foi divulgada somente às 23h50, sem as perguntas de Danilo Queiroz e de Alysson Lima.

Às 0h04 o repórter Alysson Lima questionou: “Boa noite a todos! Israel, Bruno ou algum outro membro da assessoria. Vi que minha pergunta não foi repassada ao Guto. Houve algum problema?”.

Dois minutos depois, Danilo Queiroz também indagou: “Minha segunda pergunta foi parecida com a do Eudes, não julgo que foi igual, mas tudo bem, posso entender a avaliação de vocês. Mas, por que a minha primeira pergunta não foi feita na coletiva?”

Nenhuma resposta foi dada pela ascom do Ceará até as 9h25 deste domingo. Então, eu questionei: “Bom Dia! Também gostaria muito de saber o motivo da não inclusão das perguntas do Danilo Queiroz e do Alysson Lima na coletiva do Guto?”

Somente às 10h32, o gerente de comunicação do Ceará, Bruno Reis, informou:

Bom dia. O clube não tem caso confirmado de Covid. Como foi repassado aqui no grupo de imprensa momentos antes do jogo. O tema Covid no clube, é acompanhado pelo CESP. Logo somente o CESP fala a respeito. Quando existe algum exame positivo, há necessidade de contraprova conforme o protocolo do clube. Quando ocorre confirmação em contraprova, o CESP passa pra Assessoria, onde repassamos para vocês. Nas próximos dias o CESP dará entrevista coletiva remota sobre este um ano de pandemia, protocolos no futebol e demais assuntos do departamento”.

Às 11h24, eu respondi:  

“Entendo, Bruno. Mas para nós, jornalistas, fica estranho uma pergunta ser feita e ela ser censurada ou excluída sem justificativa e só tomarmos conhecimento quando a entrevista vai ao ar. Se o motivo da não inclusão da pergunta foi a de que só o CESP se pronuncia, poderia ter sido explicada pelo próprio Guto (não falo sobre esse tema) ao ouvir as perguntas, ou até mesmo por alguém da ascom antes, durante ou depois da entrevista coletiva. Aliás, havia um membro do CESP na delegação em Teresina, que poderia ter falado sobre esse tema, ou pelo menos ter explicado os procedimentos listados por você em áudio ou vídeo divulgado aqui mesmo no grupo. Você, que já esteve desse nosso lado aqui como repórter e apresentador, e agora como gerente de comunicação de um grande clube, sabe que até para evitar ruído de comunicação, rusga, entrevero ou rixa, o diálogo e a transparência são fundamentais para o trabalho harmônico de todos.”

Às 11h31, o repórter Alysson Lima escreveu: “Cubro o Ceara há 10 anos e essa foi a primeira vez que tive uma pergunta Censurada pela assessoria.  Poderia pelo menos nos avisado com antecedência pra não perder o espaço de pergunta no pós jogo. Fica a dica”.

Não há até a produção dessa matéria nenhuma outra mensagem no grupo de whatsapp do Ceará.

Em seu perfil no Twitter, Danilo Queiroz expôs o assunto e fez um desabafo:

O Presidente do Ceará, Robinson de Castro, respondeu:

Danilo Queiroz replicou:

Infelizmente, até agora 16h24, não houve uma explicação do motivo de as perguntas dos repórteres terem sido censurada. E até agora, nenhum representante do CESP (Centro de Saúde e Performance) do Ceará falou sobre o assunto e negou as informações obtidas pelo repórteres.