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17º Dia em Doha foi marcado pelo 1º dia sem jogo da Copa, pelo meu analfabetismo em alto grau e por um gato. Foi também o 1º em que pude ficar na cama até mais tarde. E ainda o 1º em que pude trabalhar sem o desespero de estar correndo e preocupado com horários.

Foi também o dia do enterro da minha Avó com várias mensagens e homenagens chegando a ela no grupo da família no WhatsApp. Todos nós estamos bem, com saudades, mas conscientes de que ela deixou muitos aprendizados e muito amor.

Na teoria, era para ser o dia da minha tão aguardada folga. Afinal, a Seleção iria fazer um treino fechado e haveria apenas uma coletiva após os trabalhos. Só que o escolhido para falar com os jornalistas foi o atacante Vinícius Júnior. Aí, foi o jeito deixar o descanso para o próximo domingo.

Como deixei o hotel mais tarde. Só cheguei ao CMQ por volta das 14h. Fiz uma matéria na paz. Sem pressa. Depois, às 16h30 (4 e meia da tarde, que são 10h30 no Brasil), fui almoçar. Geralmente, eu almoço mais cedo, entre 13h30 e 14h30 (há exceções, quando a correria é maior).

Na saída para a coletiva do Vinícius Júnior, encontrei o querido Samir Mello, do Metrópoles, chegando. Ele foi até o Centro de Mídia para pegar um livro e falar com um colega de trabalho. Mas disse que já iria também para o treino da Seleção. Ele ia pegar um Uber. Eu iria de ônibus. Então, deu para ir de boa com ele.

Chegando à sala de imprensa (que fica do lado da sala de coletiva) do Estádio Grand Hamad, encontrei o querido e muito competente Bruno Camarão, da Band News FM. Torcedor do Ceará e do Corinthians, que mora em São Paulo, mas que não abandonou as raízes alencarinas.

A coletiva, então, que era pra começar não antes das 19h, foi iniciada às 18h50, para a surpresa de todos, que correram para a sala ao lado, quando ouvimos o barulho da chegada do Vini Júnior. A entrevista foi excelente, inclusive, fiz matéria sobre isso.

No entanto nenhuma declaração do camisa 20 da Seleção teve mais repercussão do que a presença de um gato no meio da coletiva. E quando o assessor de imprensa da Seleção, Vinicius Rodrigues, tirou o gato de cima da mesa. Todos nós já imaginávamos que a imagem iria rodar o planeta.

O debate sobre se a retirada do felino da mesa foi adequada ou não entupiu os comentários nas redes sociais. Só que para nós, jornalistas que estávamos no local e principalmente os que têm gato, relataram que a atitude do Vinicius foi correta e adequada. Só que a brincadeira rolou solto na sala de imprensa depois da coletiva.

Fui atrás do Vinicius depois e perguntei se ele já tinha percebido a repercussão enorme. O relógio dele apontava que sim com as mensagens chegando sem parar. Ele me respondeu que a mãe dele tem gato. E que se pega em um gato (estranho) daquela forma para evitar que haja um revide.

Passado episódio, hora de voltar para o CMQ, novamente voltei com o querido Samir. E lá encontramos o colega, que ele procurava mais cedo. O fenômeno Samuel Pancher, um dos repórteres de maior prestígio nas redes sociais e obviamente no Metrópoles. Uma simpatia. Trocamos ideia e depois, obviamente, começamos a trabalhar. Ele e o Samir foram pra rua fazer uma pauta programada e eu fiquei fazendo minhas matérias.

Por não haver jogo, eu tinha programado conhecer o “Lulu Centre”, que eu achava ser um shopping famoso aqui em Doha e fica vizinho à estação próximo ao hotel em que estou. Havia deixado para jantar por lá. Estava desejando comer em “fast food”: Mcdonalds, Burger King, Bobs, Bebelu o que tivesse.

Mas, como o analfabetismo reina em mim nestes causos, cheguei lá e na entrada havia um mercantil. Perguntei ao segurança sobre onde ficaria as lojas e ele me informou que fecha às 21h (pelo menos foi o que entendi), mas que o supermercado fechava às 2h da manhã.

Achei estranho, dei uma volta para ver os preços dos produtos, e praticamente o mesmo valor do mercadinho do hotel onde estou hospedado. Aí, apareceu um grupo de brasileiros e perguntei a eles sobre este “Shopping”. Eles me falaram que não é shopping. Na verdade, é um grande supermercado, como se fosse um Wallmart, Carrefou, algo assim. E que os outros departamentos como de roupas, celulares, TVs, brinquedos etc fecham mais cedo.

Imagine a cara de tacho que fiz? Uma mistura de raiva com a de um abestado. Enfim, como já escrevi aqui, todos os dias eu aprendo algo novo no Qatar. Mais uma pra lista. Eu na verdade devo ter entendido errado, porque quando questionei um funcionário aqui da Fifa, onde eu poderia comprar uma tesourinha de unha, eu ouvi shopping, Lulu Centre ou farmácia. Mas o analfabetismo e a vontade de o Lulu ser um shopping, por ser pertinho de onde estou, foi maior que ouvir com cuidado a dica.

Ao chegar ao hotel, fui ao mercadinho e jantei pão com suco de manga. Pra quem queria um Big Mac, acho que ajudou até demais para na próxima eu deixar de ser analfabeto. Em seguida, rápida conversa com familiares e deitar para dormir. A quinta-feira reserva coletiva de Tite e Danilo e treino da Seleção. Vamos lá.