Das últimas 10 partidas em que atuou pelo Ceará, o meia Vina só atuou os 90 minutos em apenas uma. No empate por 0x0 contra o Arsenal, no Castelão, pela Copa Sul-Americana.

Jogador mais bem pago do elenco alvinegro e do Norte-Nordeste, Vina renovou com o Ceará no início desta temporada por mais 3 anos. É a principal estrela do elenco e xodó da torcida alvinegra. Os gols, as assistências e as ótimas atuações em 2020 o levaram à Seleção do Campeonato Brasileiro e a se tornar o maior goleador da história do Ceará numa mesma edição do Brasileirão.

Depois de um início de temporada em ritmo lento, o camisa 29 do Vovô foi evoluindo aos poucos e se destacou em algumas partidas como nos triunfos contra Jorge Wilsterman (Sul-Americana) e Vitória (Copa do Nordeste). No entanto, depois disso o meio-campista não conseguiu mais voltar ao mesmo patamar.

A mesma torcida alvinegra que o reverenciava e o idolatrava, agora pega no pé e faz cobranças fortes. Na Final da Copa do Nordeste, saiu antes das cobranças dos pênaltis. Na Final do Campeonato Cearense só entrou no segundo tempo e na eliminação na Copa Sul-Americana não jogou bem e foi substituído na etapa complementar.

Muitos se perguntam o que está acontecendo com o Craque Alvinegro. Eu fiz essa pergunta ao técnico Guto Oliveira (veja no vídeo abaixo a partir de 06:00), mas o treinador alvinegro divagou e preferiu não ser específico. Na última coletiva em que participou, perguntei ao próprio Vina se ele estava com algum problema físico, mas ele garantiu que estava 100%.

Eu tenho ido aos jogos do Ceará na Arena Castelão e a sensação, de quem está fora, é de que Vina não está atuando na posição que queria. Parece não se sentir à vontade (mais uma vez, é uma impressão de quem está dentro do estádio acompanhando as partidas, mas não está no dia a dia do clube).

Vina é bastante cobrado para fazer a marcação alta. O técnico Guto, Faganello (auxiliar técnico), o volante Oliveira e até o goleiro Richard constantemente falam e orientam o jogador durante as partidas. A tal da liberdade de poder ficar à vontade e com isso ajudar ofensivamente o time, tem de ser reprimida em prol do grupo. E acho que é esse o principal ponto.

Vina hoje é muito mais jogador do grupo do que individualista, ou melhor, protagonista. Ano passado, com Léo Chú à esquerda, Lima à direita e Cléber centralizado, e ainda com Fernando Sobral e Fabinho na contenção no meio, Vina (novamente a sensação de quem está de fora) se sentia mais à vontade e mais livre, sem uma “obrigação” protocolar de marcar (foi assim naqueles 2×0 contra Flamengo, no Maracanã, e Fortaleza, no Castelão, pelo Brasileirão).

Esse último Clássico-Rei, empate por 1×1, foi mais uma demonstração de que o esquema também não o favoreceu. Mesmo com 3 volantes (Charles, Sobral e Naressi), Vina não tinha liberdade para “flutuar” no meio e produzir. A proposta de um jogo reativo e a tentativa de explorar os contra-ataques com a badalada transição ofensiva não funcionou. E assim, a principal estrela alvinegra não brilhou novamente.

Percebo ainda, de dentro do Estádio, que os próprios companheiros sabem disso e não conseguem ajudar. Havia antes até uma mobilização para tocar pra ele ou que se a bola chegasse a ele, o deixasse fazer o gol. Como foram nas partidas iniciais nesta temporada em que o meia alvinegro ficou alguns jogos sem balançar as redes e já estava sendo cobrado (inclusive perdendo pênaltis).

Como todos sabem, futebol é momento (nunca ninguém escreveu isso, né?). Vina passa por um momento de turbulência, o que é natural, para um time que perdeu as 3 competições, que disputou. Se o esquema não esta ajudando, se hoje é um jogador mais de grupo, se há dificuldades, que não são reveladas ao público, somente ele pode se adaptar e resolver.

O que deixa os torcedores alvinegros chateados é que já são vários jogos em que Vina não é destaque e muito menos protagonista. Enquanto o reserva imediato, o meia Jorginho, já ganhou elogios de Guto (que faz questão de exaltar nas coletivas) vem jogando bem e fazendo gols.

Muitos alvinegros estão pedindo para que Vina fique no banco e Jorginho assuma a titularidade. Vale lembrar que isso aconteceu na final do Cearense e não adiantou. De uma coisa eu tenho certeza, o próximo Clássico-Rei, que define a vaga às oitavas de final da Copa do Brasil, será um divisor de águas para o astro do Ceará.

Independente da classificação ou não, Vina precisa jogar um futebol para comprovar o status de Craque, de ídolo e de xodó da torcida. Do contrário, deve ouvir mais críticas (bem mais pesadas do que as atuais) daqueles que o idolatravam há pouco tempo.

📸 Felipe Santos/Cearasc