Após o árbitro apitar o fim da partida e o Ceará perder por 3×0 para o Fortaleza na última quinta-feira, no Castelão, e ser eliminado da Copa do Brasil, o lateral-esquerdo Bruno Pacheco deu alguns passos para trás, sentou no gramado e chorou bastante.
As lágrimas do camisa 6 alvinegro não cessavam, companheiros de clube e até o atacante do Fortaleza, Robson, foram consolá-lo. Depois de alguns instantes, com a ajuda de um colega, Bruno Pacheco se levantou cobriu o rosto com a camisa (como se tivesse com vergonha), enxugou as lágrimas e deixou o campo para os vestiários.
Dois dias antes, Bruno havia concedido uma entrevista coletiva e, diferentemente, das tradicionais respostas de jogadores de futebol, falou de forma contundente que não adiantava atleta ficar dando desculpa sobre cansaço, que todos já sabiam da maratona de jogos e que era preciso o grupo todo se superar para vencer a partida contra o Fortaleza.
No duelo diante do Fortaleza, Pacheco, mais uma vez, foi um dos que mais se esforçaram para que as próprias palavras se comprovassem. Como todos nós sabemos, o futebol é um esporte coletivo e com exceção de um ou outro companheiro (destaco aqui Fernando Sobral e Richard), o time alvinegro foi dominado pelo rival.
O choro de Bruno Pacheco revelou muito mais do que a dor de um atleta que se dedicou ao máximo para conquistar o resultado positivo. As lágrimas do lateral comprovaram que o respeito à instituição ultrapassam o profissionalismo de um jogador de futebol, que muitas vezes apenas sai de campo sem perceber o tamanho de uma derrota.
- “Eles tiveram a felicidade de fazer os gols”, diz Guto Ferreira, após a eliminação do Ceará para o Fortaleza
- O que poucos (não) viram na vitória do Fortaleza por 3×0 sobre o Ceará pela Copa do Brasil
Sem contar que a desolação do camisa 6 ao sentar no chão e não conter a emoção, após a quarta eliminação em pouco mais de 30 dias, representa também um pedido de perdão aos torcedores do Ceará, que viram sinceridade nas lágrimas e a clara decepção do jogador, por não ter cumprido o objetivo.
Aliás, é raro você encontrar um atleta de futebol demonstrando tamanha emoção, após uma derrota ou eliminação de um campeonato. Geralmente se escondem, pedem para não dar entrevista, optam por ficarem nas sombras, se omitindo de responsabilidades e acreditando que já já o torcedor vai esquecer.
Talvez seja verdade. Daqui a duas partidas, o Ceará pode vencer, subir na tabela e a paz voltar a reinar em Porangabuçu. No entanto, muitos desses jogadores, que geralmente não ficam muito tempo nos clubes, não percebem que as lágrimas de Bruno Pacheco vão ficar marcadas para sempre, com ou sem vitória nos próximos jogos.
A construção de um ídolo começa assim, alguns se identificam, outros não passam de mero figurantes.
📸 Daniel Galber