Pela primeira vez em muito e muitos anos, os jogos da Seleção Brasileira não estão na grade de programação da TV Globo nem do Sportv. A Copa América, principal torneio de seleções do continente, foi adquirida pelo SBT e pelos canais Disney.

A emissora carioca, então, para compensar, exibe e faz uma cobertura enorme da Euro (torneio de seleções da Europa). No Esporte Espetacular, programa dominical esportivo, houve reportagens especiais com quase 10 minutos de duração. E praticamente nada das equipes de Neymar, Messi, Suárez entre outros astros sul-americanos.

Para completar, a Copa América ainda se envolveu em uma briga política em que teve protagonistas: o Presidente da república, Jair Bolsonaro, o presidente da CBF, Rogério Caboclo, a Pandemia, a Conmebol e até os jogadores fazendo uma manifestação pública de serem contra a realização do Torneio em solo nacional.

Longe da tela da Globo e ainda com todo o imbróglio político (por trás), o torcedor meio que não lembra da Copa América realizada no Brasil e nem dos jogos da Seleção. O Ibope do SBT nas duas primeiras partidas da equipe do técnico Tite no torneio não foi suficiente para superar a mais poderosa emissora nacional, que exibia sua programação normal.

Apesar de na ESPN Brasil, a audiência das partidas da Seleção ficou em primeiro lugar entre todas as emissoras na TV Fechada.

Amigos, parentes, colegas jornalistas e até jogadores de clubes (confirmei com funcionários de Ceará e Fortaleza) nem sabiam qual o horário e onde estaria sendo transmitido o jogo da Seleção Brasileira contra o Peru, na última quinta-feira, 17. E esse “esquecimento” é traduzido pela falta de costume de não ver a equipe nacional na tela da Globo ou não anunciado com o mesmo destaque na programação como é feito nas partidas da Euro.

Se não bastasse, há ainda todo aquele conhecido desgaste da Seleção com o torcedor brasileiro. Jogadores, que não são dos clubes locais, partidas (agora sem público) que não empolgam, além de alguns atletas que não têm nenhum carisma com o público.

Todos esses fatores provocam ainda mais o distanciamento da mística da amarelinha com o torcedor apaixonado por futebol. E o que CBF, Tite, Neymar e os outros astros da Seleção fazem? Nada! Agem como se estivessem numa bolha e quem quiser que venha apoiar, se não quiser, vão seguir do mesmo jeito.

Creio que nesse atual momento, ainda mais com pandemia, com uma população sofrida em vários aspectos, a Seleção Brasileira poderia usar a força e o poder das emissoras que transmitem a Copa América para se aproximar do público. Exemplo: Encontro de Tite e Neymar com Sílvio Santos. Alisson na bancada do Sportcenter com o narrador Paulo Andrade.

Ou Neymar ao vivo no programa da Eliana. Futebol no Mundo com Thiago Silva. Já imaginou, direto da Granja Comary, um “Passa ou Repassa” com a Gabriel Jesus e Everton Cebolinha contra Gabigol e Richarlisson?

Aqueles que são do contra, com certeza, vão encontrar defeitos e dificuldades para que qualquer exemplo acima seja realizado. Aliás, os modelos aqui citados são apenas uma forma lúdica para mostrar que é possível os jogadores fugirem um pouco da rigidez militar da concentração futebolística para criarem situações de pessoas comuns (ou humanas).

Enfim, daqui a pouco a pandemia vai acabar, o público vai reaparecer no estádios e a Globo vai voltar a transmitir jogos do Brasil. Seria interessante, quando tudo isso acontecer, a Seleção ser lembrada como uma equipe que está mais próxima do povo e com o torcedor vibrando novamente com cada gol do escrete nacional.

📸 Lucas Figueiredo/CBF